Nos aproximamos dos primeiros 100 dias do governo “Lula III”. E surpreende como tão pouco tempo pode nos dar uma prévia – infelizmente, nada positiva – de como serão os próximos 1.359 dias. Estamos diante de um governo sem qualquer plano, eleito sob a promessa do combinado picanha – cerveja – namoro, em que o tamanho amadorismo se reflete nas ações estabanadas adotadas pelos seus ministros.
O culto exacerbado ao assistencialismo e o questionamento até mesmo do funcionamento do capitalismo, colocando em xeque, pasmem, a eficácia da literatura econômica e, por fim, decretando a sua obsolescência. Isso foi literalmente dito pelo próprio presidente durante o discurso de lançamento do “Mais Médicos” (outra vez, repaginando o que já existia). Nesses 100 dias, o governo Lula se mostra mais do mesmo, sem nenhuma ideia concreta.
Infelizmente, o que se vê de forma contundente em todos os membros do governo é uma preocupação descabida e completamente fora de propósito com a gestão passada, onde o foco principal dos discursos até aqui foi fazer um contraponto às ações de Jair Bolsonaro. Aliás, acredito piamente que Lula se preocupa exclusivamente em “fazer diferente” de Bolsonaro, e não agir em prol do desenvolvimento da nação. É o que muitos críticos estão chamando de “bolsonarização do Lula”.
Vale lembrar que estamos falando de um partido que ocupa o poder pela 5ª vez nos últimos 23 anos, tendo emplacado quatro mandatos consecutivos. E, mesmo assim, repete vergonhosamente erros primários em sua gestão, como os constantes problemas e/ou conflitos na relação com os poderes Legislativo e Judiciário, gerando uma sensação de inexperiência de seus governantes (quero acreditar que isso é impossível). Essa falta de planejamento, baseada na perpetuação do poder, e não em pautas verdadeiramente relevantes, pode ser comprovada pela fala do próprio presidente da república durante recente reunião com alguns ministros para a definição, em regime de toque de caixa, quais projetos serão anunciados nos próximos dias: “Nós não temos muito tempo para ficar pensando no que fazer. Temos que começar a fazer porque o mandato é curto”.
Como se não bastasse, uma das principais bandeiras da esquerda – e por que não dizer, do socialismo – segue hasteada e vibrante: a demonização do setor privado. A oposição que essa ideologia faz à iniciativa privada, com a intenção de ser a única potência geradora de riqueza deste país (o que é econômica e mercadologicamente impossível), é assustadora. Taxações pesadas, tentativas de regulamentar atividades que proporcionam mais possibilidades de renda aos brasileiros, criações de impostos que oneram consideravelmente a operação das empresas, dentre outras peripécias de uma gestão de esquerda extremamente desconexa com a realidade do funcionamento da máquina pública e dos anseios de uma sociedade. Inclusive, cito aqui um trecho de um artigo meu publicado pelo Instituto Millenium no dia 13/10/2022:
“Portanto, podemos dizer sem nenhuma dúvida que o ato de empreender é, por si só, uma incursão à liberdade. São as empresas privadas que promovem as incontáveis melhorias para as nossas vidas e a um preço cada vez mais competitivo. Afinal, esse é o benefício central de um mercado onde existe concorrência. Somos nós, empreendedores destemidos, que lutamos por uma sociedade cada vez mais desenvolvida e, por consequência, próspera, com o fomento de empregos e melhoria da qualidade de vida de todos que fazem parte desse ecossistema.
E esse papo pode parecer meio chato no contexto da crescente polaridade política dos últimos anos. No entanto, peço a você, querido leitor, que tire o véu da sua orientação/ideologia política e tente enxergar, da forma mais racional possível, como essa relação faz total sentido para o nosso cotidiano. E a “conta” é relativamente simples, olha só:
– Mais liberdade/facilidade de empreender = Mais empresas sendo abertas;
– Mais empresas abertas = Mais pessoas empregadas;
– Mais pessoas empregadas = Mais renda circulando na economia;
– Mais renda na economia = Mais consumo;
– Mais consumo = Produtos/serviços de melhor qualidade;
– Mais qualidade = Preços mais baixos (e qualidade cada vez mais alta).
É um movimento cíclico de melhoria na qualidade de vida da sociedade. E se engana quem imagina que o “cálculo” supracitado serve apenas para um setor econômico específico. Ele se aplica a qualquer um, desde o pequeno empreendedor até o maior empresário. Quando falo desses benefícios, eles podem (e devem) ser estendidos a setores como saúde, educação, infraestrutura, saneamento, etc. Afinal, a iniciativa privada está presente em todos os segmentos possíveis e imagináveis e, por isso, pode participar desse movimento de transformação e melhoria social. E tudo isso é ocasionado pelo “simples” fato do empreendedorismo. Os nossos governantes e suas equipes precisam fomentar esse ambiente de competitividade e desburocratização econômica para que mais pessoas vejam esses benefícios citados acima e também ousem empreender naquilo que sabem. Quem ganha com isso somos todos nós, independentemente do lado da sua ideologia ou cor da sua camisa.
Empreender é lutar e alcançar a liberdade. E modéstia à parte, somos EXCELENTES nisso!”
A conclusão que tiro desses 100 dias de “governo” é que, de fato, não existia um plano de governo, mas sim um plano de poder. E quando nos curvamos a uma gestão que tem esse foco, as coisas não ficam nada boas para quem não faz parte do poder, seja você de esquerda ou de direita. A Venezuela nos mostra isso diariamente.
Leonardo Neves é formado em Relações Públicas pelo UniBH, pós-graduado em Gestão Estratégica da Comunicação pelo IEC/PUC Minas, em Gestão de Negócios pelo Ibmec e com uma certificação executiva em Desenvolvimento de Negócios, Liderança e Networkig pela FIA Business School, Leonardo possui uma vivência profissional consistente, com atuação em companhias prestigiadas no mundo da tecnologia como Totvs, SAP, Senior e iFood (Grupo Movile), além de estar inserido no mundo do empreendedorismo há mais de 10 anos.
Apaixonado por vendas, empreendedorismo, liberalismo e comunicação, busca sempre encontrar soluções ideais para os problemas, aliando esses temas à uma linguagem clara e objetiva. Tem como objetivo principal mostrar como a constante evolução tecnológica e a ideologia liberal melhora substancialmente o cotidiano das pessoas e, por consequência, dos negócios.